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Profissionais do DSEI Leste Roraima participam de formação que reúne práticas ocidentais e Medicina Tradicional Indígena na gestação e cuidados com o recém nascido

Com o apoio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e da conveniada Fundação São Vicente de Paulo (FSVP) de Paraopeba/MG, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Leste Roraima, em parceria com o Controle Social e Escola Técnica do SUS em Roraima (ETSUS-RR), realizou na última semana, o curso de atualização em obstetrícia e cuidados com os recém-nascidos, para enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem que atuam no Distrito. A formação foi realizada com o objetivo de melhorar os atendimentos às gestantes, orientar e capacitar as equipes de modo que aprimorem a assistência nos Polos Base.

A capacitação contou também com os conhecimentos compartilhados pela parteira e mestre em Medicina Tradicional Indígena da Aldeia Uiramutan, Iolanda Pereira que pertence à etnia Macuxi. Ela conta que aprendeu o ofício com o pai, um grande pajé e, aperfeiçoou o trabalho com as parteiras da região das Serras da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. "Meu sonho é ver uma sala de parto em cada polo-base do DSEI Leste. O bom para nós é ter o parto nas aldeias onde a gente pode ter o cuidado certo, de acordo com nossa cultura com as mães e os nenês. Nós temos nossos remédios, nossas rezas, nosso jeito para fazer o neném nascer rápido e com saúde”, pontua Iolanda.

Para a antropóloga da Fundação São Vicente de Paulo, Leda Martins, a gestação traz uma série de transformações para a vida da mulher e este processo necessita de acompanhamento específico. “Além de unir diferentes saberes para ofertar melhores condições à saúde das mulheres é também uma oportunidade de agregar conhecimento e trocar experiências”, afirma a antropóloga ao reforçar que essa interação entre medicina ocidental e medicina indígena proporcionada pelo curso enriquece e fortalece os serviços de saúde do DSEI Leste. “É muito importante para as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI), ouçam relatos de uma pessoa com tanta experiência como a Dona Iolanda para que as equipes possam se aproximar da cultura indígena e das práticas tradicionais ", completou.

Publicado em 29/11/2021